Sem provas, Bolsonaro diz que ONGs podem estar por trás de queimadas

Presidente afirmou que "tudo indica" que pessoas se prepararam para ir à Amazônia filmar e então "tocaram fogo" na floresta

Sem provas, Bolsonaro diz que ONGs podem estar por trás de queimadas Amazônia: Bolsonaro disse que organizações não-governamentais podem estar por trás das queimadas na região (Bruno Kelly/Reuters) Notícia do dia 21/08/2019

Brasília — O presidente Jair Bolsonarodisse nesta quarta-feira (21) que organizações não-governamentais podem estar por trás das queimadas na Amazônia por terem perdido recursos e estarem querendo atingi-lo.

 

Ele não apresentou evidências das alegações e, indagado se tinha provas do que afirmava, disse que não existem planos escritos nesses casos.

 

“O crime existe. Isso temos que fazer o possível para que não aumente, mas nos tiramos dinheiro de ONGs, 40% ia para ONGs. Não tem mais. De modo que esse pessoal está sentindo a falta do dinheiro. Então pode, não estou afirmando, ter ação criminosa desses ongueiros para chamar atenção contra minha pessoa, contra o governo do Brasil”, disse o presidente em entrevista ao sair do Palácio da Alvorada.

 

Em seguida, Bolsonaro afirmou que “tudo indica” que pessoas se prepararam para ir à Amazônia filmar e então “tocaram fogo” na floresta.

 

Questionado se tinha provas ou indícios das acusações que fazia, o presidente afirmou que isso “não tem um plano escrito” e “não é assim que se faz”.

 

Incêndios florestais

 

Há duas semanas, florestas e matas ardem em chamas nos estados do Norte, se estendendo pelo Acre, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, incluindo áreas da Amazônia e do Pantanal.

 

O incêndios já atingiram a tríplice fronteira entre Brasil, Bolívia e Paraguai, consumindo mais de 20 mil hectares de vegetação. 

 

Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o número de focos de incêndio florestal aumentou 82% entre janeiro e agosto de 2019 na comparação com o mesmo período de 2018.

 

Entre os dias 1 de janeiro e 18 de agosto deste ano, foram registrados 71.497 focos de incêndios, antes os 39.194 focos registrados no mesmo período anterior. A última grande onda é de 2016, com 66.622 focos de queimadas entre essas datas.

 

A Amazônia é o bioma mais afetado, com 51,9% dos casos, seguido do Cerrado, com 30,7% dos registros de queimada.  

 

Especialistas atribuem a perda crescente de floresta ao discurso “agressivo” do governo Bolsonaro em reação às questões ambientais e de clima. E, não raro, as queimadas têm origem intencional ligadas ao desmatamento.

 

No dia 10 de agosto, fazendeiros e grileiros no sudoeste do Pará cumpriram a promessa de fazer um “dia de fogo” e deliberadamente queimaram uma área vegetada da região de Novo Progresso.

 

 Resultado? Um aumento de 300% nos focos de incêndio em comparação com o dia anterior, pelos registros do Inpe.

 

Mais do que discursos que sinalizam para um estado de impunidade, os cortes em programas importantes ligados ao meio ambiente acabam minando o poder de resposta dos órgãos públicos aos desastres.

 

Em maio, além de praticamente zerar o orçamento para implementar políticas sobre mudanças climáticas no Brasil, o governo federal bloqueou 38,4% do orçamento para prevenção e controle de incêndios florestais, montante equivalente a R$ 17,5 milhões.

 

Fonte: Exame

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