Estudo indica que 25% da população mundial nunca se casará

Estudo indica que 25% da população mundial nunca se casará Foto: Divulgação Notícia do dia 02/12/2019

Segundo dados do Pew Research Center, uma espécie de laboratório de ideias, dos Estados Unidos, o número de casamentos tem diminuído nos últimos anos, enquanto o de divórcios aumentou. A situação vai além: estima-se que ao menos 25% da população nunca se casará, um fenômeno que parece se repetir em toda América do Sul, Europa, Oriente Médio e Ásia. Seremos a geração mais solitária da história.

 

“Está acontecendo no mundo todo: Estados Unidos ficam para trás, não são líderes”, explica Eric Klinenberg, professor de sociologia no Instituto para o Conhecimento Público da Universidade de Nova York. “Os números de casamento estão baixos na Europa e em grande parte da Ásia. Em particular, China, Índia e Brasil”, completa.

 

A grande soma de pessoas que atualmente vivem sozinhas durante longos períodos de tempo é algo que não se via havia um século, e agora nossa espécie está fazendo esta escolha numa escala massiva. “Acredito que o aumento global da vida solitária representa a maior mudança social do mundo, algo que nos últimos 70 anos não pudemos identificar”, acrescenta Klinenberg. “Aposto que todos que estão lendo isso conseguem pensar em alguém na sua vida que atualmente vive sozinho. É um experimento social extraordinário, que vale a pena acompanhar de perto”.

 

Meio ambiente agradece

Os especialistas consultados pelo Metro Jornal estão de acordo que a solteirice é uma tendência global, que aumenta com o passar do tempo. Para Paul Dolan, professor do Departamento de Ciência Psicológicas e do Comportamento da Escola de Economia e Ciências Políticas de Londres,  isso está “perfeito”, desde que faça essas pessoas felizes.

 

“O ponto principal que levanto em meu livro é que as pessoas devem levar vidas que as façam felizes (sem ferir outros, é claro), e não devemos julgá-los cruelmente se estão contra as expectativas sociais”, explica Dolan. “Então, se as pessoas solteiras estão felizes, isso é algo bom.”

 

“Tampouco devemos ignorar o fato de que havendo mais pessoas solteiras provavelmente nascerão menos bebês, e isso é algo bom do ponto de vista ambiental. A Universidade Estadual do Oregon comparou o impacto potencial de completar seis atividades “verdes” com a simples decisão de se ter um filho a menos. Os seis hábitos ambientais incluem consumir combustíveis mais eficientes, reduzir à metade a quilometragem anual do automóvel, reutilizar vidro, utilizar lâmpadas de baixo consumo, substituir um refrigerador ineficiente e se assegurar de que todo papel, metal e vidro será reciclado. Adotar todas essas medidas pode reduzir sua pegada de carbono em impressionantes 486 toneladas. Mas se você tiver um filho a menos, isso pode ser reduzido em 9.441 toneladas, potencialmente é 20 vezes mais eficiente.

 

Compromisso? Agora não

Mas, para Nancy J. Smith-Hefner, professora do Departamento de Antropologia da Universidade de Boston, existe um nome para esse fenômeno. “Há um termo que foi proposto pela primeira vez pela antropóloga Diane Singerman: “waithood. Os jovens estão postergando o casamento por diferentes razões. E, como resultado, a adolescência e a vida adulta se expandiram”.

 

“A questão é que pessoas jovens estão decidindo evitar viver juntos como um casal. Elas preferem estudar ou avançar na carreira a se casar. Apesar de que isso não significa que elas não tenham relacionamentos”, diz Smith-Hefner.

 

A professora fez do Japão um exemplo. Lá foi revelado que 36% dos homens com idade entre 16 e 19 confirmaram “não ter interesse” em sexo.

 

“Referem-se a essas pessoas como ‘homens herbívoros’. Eles protestam contra o fato de que os tipos de trabalhos que seus pais tinham não estão mais disponíveis. Eles são contra a commodity do amor e do romance e se ressentem com as expectativas econômicas colocadas neles por mulheres. E isso está tendo um grande impacto nas taxas de natalidade e na economia.”

 

Smith-Hefner conclui: “mas não são só são os homens que estão dispensando o casamento. As mulheres também estão fazendo isso. Elas agora ultrapassaram o número de homens frequentando a universidade em muitos lugares pelo mundo. E, como resultado, elas preferem educação e trabalho em vez de se casarem”.

 

Na contramão

 

A última pesquisa de Estatística do Registro Civil, realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostra que as uniões homoafetivas aumentaram 10% em 2017, na contramão das hétero, com queda de 2,3% no mesmo período. Tal balanço foi puxado pelo crescimento de 15% dos casamentos entre  mulheres, frente aos 3,7% entre homens.

 

E as redes sociais?

Nancy J. Smith-Hefner, professora do Departamento de Antropologia da Universidade de Boston, nos Estados Unidos, explica como aplicativos e redes sociais afetaram a solteirice:

 

“Os meios eletrônicos vêm tendo efeitos positivos e negativos nesse assunto. Permite que parceiros distantes (incluindo separados por países) comecem ou mantenham um relacionamento (pense em Skype, FaceTime e mensagens de texto) e isso pode ser positivo. Paquera online também vem tendo efeito em oferecer possíveis ‘matches’ para aqueles que não se conheceriam de outro jeito.

Algumas pesquisas indicam que um crescente número de ‘matches’ está ocorrendo entre diferentes raças e etnias como efeito desses sites, o que também é positivo.

 

“Mas outros estudos apontaram os efeitos negativos de encontros on-line, como as intermináveis possíveis opções que são apresentadas, a procura da perfeição em um parceiro e a relativa curta janela de tempo na qual casais decidem se estão interessados no outro ou não. Ou seja, namoro on-line oferece menos uma possibilidade de conhecer alguém natural e lentamente com o tempo, como alguém poderia com um conhecido da escola ou um colega de trabalho”.

 

Fonte: Metro Jornal

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