Governo confirma morte por febre hemorrágica, após 20 anos sem registro da doença no país

Ministério da Saúde considera caso como um "evento de saúde pública grave"

Governo confirma morte por febre hemorrágica, após 20 anos sem registro da doença no país Foto: Divulgação Notícia do dia 21/01/2020

Ministério da Saúde confirmou, nessa segunda-feira (20), a morte de um morador de Sorocaba (SP) em decorrência de febre hemorrágica brasileira, doença que não era registrada há 20 anos no país. O início dos sintomas foi em 30 de dezembro de 2019, e o óbito, em 11 de janeiro de 2020.

 

A pasta considera que o ocorrido representa um "evento de saúde pública grave", já que a primeira e única vez em que foram relatados casos provocados pela febre hemorrágica brasileira foi na década de 1990. Na época, quatro pacientes foram diagnosticados com a doença, sendo três casos adquiridos em ambiente silvestre no Estado de São Paulo e um por infecção em ambiente laboratorial, no Pará.

 

A morte confirmada nessa segunda-feira é de um paciente adulto, que passou por três diferentes hospitaisapós apresentar sintomas como dor de garganta e abdominal, náuseas e dores musculares. O quadro evoluiu rapidamente, com febre alta (39ºC), confusão mental e hemorragia. Conforme o Ministério da Saúde, durante o atendimento, foram realizados exames para identificação de doenças como febre amarela, hepatites virais, leptospirose, dengue e zika, mas os resultados foram negativos.

 

A análise do Laboratório de Técnicas Especiais do Hospital Albert Einstein identificou o Arenavírus, causador da febre hemorrágica brasileira. Considerando a família do gênero Mammarenavirus, o vírus Sabiá, o Ministério da Saúde destaca que o vírus pode apresentar alta letalidade. O resultado foi confirmado pelo Laboratório de Investigação Médica do Instituto de Medicina Tropical do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e Instituto Adolfo Lutz.

 

Origem da infecção

 

Ainda de acordo com o Ministério, neste momento, a origem da contaminação do paciente não está confirmada. A vítima não tinha histórico de viagem internacional, mas passou pelas cidades de Itapeva (SP), Itaporanga (SP), além de Eldorado (SP) e Pariquera-Açu (SP). 

 

"O que se sabe é que as pessoas contraem a doença possivelmente por meio da inalação de partículas formadas a partir da urina, fezes e saliva de roedores infectados. A transmissão dos arenavírus de pessoa a pessoa pode ocorrer quando há contato muito próximo e prolongado ou em ambientes hospitalares, quando não utilizados equipamentos de proteção, por meio de contato com sangue, urina, fezes, saliva, vômito, sêmen e outras secreções ou excreções", diz comunicado do ministério.

 

O Ministério da Saúde afirma que, por enquanto, as investigações apontam para um único caso. Os familiares da vítima estão sendo monitorados e avaliados, assim como os funcionários dos hospitais por onde o paciente passou.

 

A pasta informou que, por enquanto, não existe a necessidade de apoio dos organismos internacionais. Contudo, o fato foi comunicado à Organização Mundial de Saúde (OMS) e à Organização Pan-americana de Saúde (OPAS), conforme protocolos internacionais estabelecidos.

 

Febre hemorrágica brasileira

 

A doença é considerada extremamente rara e de alta letalidade, e o tratamento é de acordo com o quadro clínico e sintomas do paciente.

 

O período de incubação é longo (em média de 7 a 21 dias) e se inicia com febre, mal-estar, dores musculares, manchas vermelhas no corpo, dor de garganta, no estômago e atrás dos olhos, dor de cabeça, tonturas, sensibilidade à luz, constipação e sangramento de mucosas, como boca e nariz. Com a evolução da doença pode haver comprometimento neurológico (sonolência, confusão mental, alteração de comportamento e convulsão).

 

A transmissão ocorre principalmente por meio da inalação de partículas formadas a partir da urina, fezes e saliva de roedores infectados. Esses animais, quando cronicamente infectados, podem eliminar o vírus por toda a vida. 

 

Fonte: Gaúcha ZH

 

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