
A escola de samba Acadêmicos do Salgueiro levará para a Marquês de Sapucaí um enredo que resgata suas raízes afro-brasileiras, mas com um diferencial que promete encantar o público: a tecnologia e a criatividade dos artistas de Parintins. Com o tema Salgueiro de Corpo Fechado, a vermelho e branco da Tijuca apresenta um desfile que mescla tradição e inovação, utilizando o talento de uma equipe de 12 profissionais do Festival de Parintins para dar vida às alegorias e efeitos especiais. A matéria foi destaque na Agência Brasil.
A grandiosidade das alegorias do Salgueiro deste ano tem a assinatura dos artistas de Parintins, responsáveis por algumas das esculturas e movimentações mais impressionantes do desfile. Jucelino Belém Ribeiro, artista do Boi Caprichoso, é um dos destaques dessa equipe, que trouxe para o barracão do Salgueiro a expertise desenvolvida há décadas no Festival Folclórico de Parintins.
“Eu estava assistindo [na TV] e veio aquela peça do São Jorge [alegoria da Vila Isabel em 2023] e me arrepiou. Eu sabia que eram uns amigos meus que construíram. Foi um orgulho muito grande para nós”, relembrou Jucelino, destacando a evolução da tecnologia parintinense no Carnaval carioca.
Este ano, ele aceitou o convite do Salgueiro para aplicar seu conhecimento na construção de alegorias que impressionam pelo realismo e pelo uso de robótica, marca registrada do Festival de Parintins. “Agora a gente já tem mais experiência na tecnologia. É a nossa diferença, principalmente na parte da robótica, com alegorias que se mexem. O Salgueiro vai surpreender e muito”, garantiu.
A chegada dos artistas parintinenses ao barracão do Salgueiro não foi por acaso. A diretoria da escola foi até Parintins, reconhecendo a excelência do trabalho realizado no Festival Folclórico. Com isso, a equipe passou meses no Rio de Janeiro desenvolvendo esculturas e mecanismos que prometem elevar ainda mais o impacto visual do desfile.
O enredo e a conexão com a ancestralidade
© Roberto Narciso/Divulgação
O carnavalesco Jorge Silveira e o pesquisador Leo Antan reforçam que o enredo deste ano é um mergulho profundo na diversidade religiosa brasileira. A história começa com a chegada dos africanos muçulmanos escravizados na Bahia, especialmente do povo mandinga, e percorre outras manifestações culturais que envolvem proteção espiritual, como o cangaço, as tradições indígenas e as religiões afro-brasileiras no Rio de Janeiro.
As alegorias, impulsionadas pela tecnologia de Parintins, terão papel fundamental para representar os diferentes momentos dessa narrativa. “Vamos ter efeitos em alegorias que inovam a forma de apresentar elementos das religiões de matriz africana. É uma aposta em tecnologia e movimento, mas sem perder a identidade do Salgueiro”, disse Antan.
Comunidade abraça o enredo
Além da imponência visual, o desfile do Salgueiro será marcado pelo engajamento de sua comunidade. A costureira Luciene Ferreira Moreira, há 19 anos na escola, coordena a produção das fantasias e destaca o impacto emocional do tema. “O samba é muito forte, fala de macumba mesmo, porque, graças a Deus, eu sou espírita, e só de falar ‘eu adorei as almas’, arrepia a gente e vai arrepiar na avenida com as fantasias também”, disse emocionada.
Márcio Costa com informações da Agência Brasil